Por Emerson Lopes*
Talvez não seja o melhor ou o maior, talvez não tenha as melhores atrações ou o público mais animado, mas ninguém coloca em dúvida que o festival New Orleans Jazz & Heritage, que acontece anualmente na cidade norte-americana de Nova Orleans, na Louisiana, é o festival mais eclético de todo planeta. As más línguas vão dizer que a tal diversidade musical é apenas um chamariz para ganhar mais grana e desvirtuar a proposta de um festival genuíno de jazz.
Mas a verdade é que o festival, no decorrer dos anos, foi ficando cada vez maior e mais eclético e isso nunca foi um problema para os seus organizadores, que não titubearam em escalar nomes como Aerosmith, Pearl Jam, Bruce Springsteen, Tom Petty, Aretha Franklin, Eric Clapton, Arcade Fire, Eagles, Robert Plant e Bob Dylan.
Ao mesmo tempo que recebe gigantes do pop, rock e r&b, o festival também mantém vivo sua principal espinha dorsal: a tradição da música de Nova Orleans. Conhecida como o berço do jazz, a cidade respira música 24h por dia, sete dias por semana. O festival é “apenas” o ápice deste caldeirão musical que tem o Mardi Grass como seu cartão-postal. Os desfiles que acontecem pelas ruas da cidade ao som de bandas tocando o jazz do início do século XX são acompanhados por milhares de pessoas.
Na última edição do festival, 12 palcos abrigaram centenas de atrações e a música tradicional da cidade, como sempre, teve seu espaço garantido nas vozes Trombone Shorty, Neville Brothers, Preservation Hall Jazz Band, The Dirty Dozen Brass Band, Keith Frank & the Soileau Zydeco Band e Sunpie & the Louisiana Sunspots.
Um dos momentos mais marcantes da seleção é o tema “Louisiana 1927”, interpretado pelo cantor John Boutte. A gravação foi feita em 2006, um ano após a devastação da cidade pelo furação Katrina, que deixou centenas de mortos e milhares de desabrigados, e o trompetista Terence Blanchard, nascido em Nova Orleans e um dos grandes incentivadores da cidade pelo mundo, com a música “A Streetcar Named Desire”.
Capa da caixa de 5 CDs com 50 temas gravados ao vivo no festival
O mosaico musical do festival está representado com a rainha do soul Irma Thomas, nos temas “Old Rugged Cros” e “Ruler of My Heart”, nas bandas cajun The Savoy Family Cajun Band, Bruce Daigrepont e BeauSoleil, nas vozes gospel de Zion Harmonizers e Johnson Extension, no zydeco de Boozoo Chavis e Buckwheat Zydecoe, e nos bluseiros Kenny Neal, Clarence Gatemouth Brown e Sonny Landreth.
Destaque também para os cantores Tommy Ridgley e Deacon John, um dos muitos interpretes que tiveram o privilégio de ser acompanhado pelo saudoso pianista Allen Toussaint. O disco fecha com uma emocionante interpretação de “Amazing Grace/One Love”, com o grupo The Neville Brothers.
As grandes ausências da caixa, que evidentemente priorizou músicos locais, são gravações com os membros do clã Marsalis, capitaneado pelo pai Ellis (piano) e os irmãos Wynton (trompete) e Branford (sax). Quem também faz falta são o pianista Harry Connick Jr., nascido em Nova Orleans, B.B. King, que tocou várias vezes no festival, além do lendário Fats Domino, que participou das primeiras edições do evento.
Entre os músicos retratados no ilustração estão Louis Armstrong, Allen Toussaint, Dr. John, Professor Longhair, Harry Connick Jr., além de duas estátuas representando dois dos mais importantes músicos da história de Nova Orleans: Jelly Roll Morton (1890-1941) e Buddy Bolden (1877-1931). Para saber os nomes de todos os músicos, clique aqui.
Trombone Shorty & Orleans Avenue
Deacon John & Allain Toussaint
Lenny Kravitz & Trombone Shorty
*Emerson Lopes é jornalista, autor do livro Jazz ao seu alcance, da editora Multifoco, e apresentador do podcast Jazzy. Saiba mais sobre o livro aqui. Ouça o podcast aqui
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Por Emerson Lopes*
Talvez não seja o melhor ou o maior, talvez não tenha as melhores atrações ou o público mais animado, mas ninguém coloca em dúvida que o festival New Orleans Jazz & Heritage, que acontece anualmente na cidade norte-americana de Nova Orleans, na Louisiana, é o festival mais eclético de todo planeta. As más línguas vão dizer que a tal diversidade musical é apenas um chamariz para ganhar mais grana e desvirtuar a proposta de um festival genuíno de jazz.
Mas a verdade é que o festival, no decorrer dos anos, foi ficando cada vez maior e mais eclético e isso nunca foi um problema para os seus organizadores, que não titubearam em escalar nomes como Aerosmith, Pearl Jam, Bruce Springsteen, Tom Petty, Aretha Franklin, Eric Clapton, Arcade Fire, Eagles, Robert Plant e Bob Dylan.
Ao mesmo tempo que recebe gigantes do pop, rock e r&b, o festival também mantém vivo sua principal espinha dorsal: a tradição da música de Nova Orleans. Conhecida como o berço do jazz, a cidade respira música 24h por dia, sete dias por semana. O festival é “apenas” o ápice deste caldeirão musical que tem o Mardi Grass como seu cartão-postal. Os desfiles que acontecem pelas ruas da cidade ao som de bandas tocando o jazz do início do século XX são acompanhados por milhares de pessoas.
Na última edição do festival, 12 palcos abrigaram centenas de atrações e a música tradicional da cidade, como sempre, teve seu espaço garantido nas vozes Trombone Shorty, Neville Brothers, Preservation Hall Jazz Band, The Dirty Dozen Brass Band, Keith Frank & the Soileau Zydeco Band e Sunpie & the Louisiana Sunspots.
Um dos momentos mais marcantes da seleção é o tema “Louisiana 1927”, interpretado pelo cantor John Boutte. A gravação foi feita em 2006, um ano após a devastação da cidade pelo furação Katrina, que deixou centenas de mortos e milhares de desabrigados, e o trompetista Terence Blanchard, nascido em Nova Orleans e um dos grandes incentivadores da cidade pelo mundo, com a música “A Streetcar Named Desire”.
Capa da caixa de 5 CDs com 50 temas gravados ao vivo no festival
O mosaico musical do festival está representado com a rainha do soul Irma Thomas, nos temas “Old Rugged Cros” e “Ruler of My Heart”, nas bandas cajun The Savoy Family Cajun Band, Bruce Daigrepont e BeauSoleil, nas vozes gospel de Zion Harmonizers e Johnson Extension, no zydeco de Boozoo Chavis e Buckwheat Zydecoe, e nos bluseiros Kenny Neal, Clarence Gatemouth Brown e Sonny Landreth.
Destaque também para os cantores Tommy Ridgley e Deacon John, um dos muitos interpretes que tiveram o privilégio de ser acompanhado pelo saudoso pianista Allen Toussaint. O disco fecha com uma emocionante interpretação de “Amazing Grace/One Love”, com o grupo The Neville Brothers.
As grandes ausências da caixa, que evidentemente priorizou músicos locais, são gravações com os membros do clã Marsalis, capitaneado pelo pai Ellis (piano) e os irmãos Wynton (trompete) e Branford (sax). Quem também faz falta são o pianista Harry Connick Jr., nascido em Nova Orleans, B.B. King, que tocou várias vezes no festival, além do lendário Fats Domino, que participou das primeiras edições do evento.
Entre os músicos retratados no ilustração estão Louis Armstrong, Allen Toussaint, Dr. John, Professor Longhair, Harry Connick Jr., além de duas estátuas representando dois dos mais importantes músicos da história de Nova Orleans: Jelly Roll Morton (1890-1941) e Buddy Bolden (1877-1931). Para saber os nomes de todos os músicos, clique aqui.
Trombone Shorty & Orleans Avenue
Deacon John & Allain Toussaint
Lenny Kravitz & Trombone Shorty
*Emerson Lopes é jornalista, autor do livro Jazz ao seu alcance, da editora Multifoco, e apresentador do podcast Jazzy. Saiba mais sobre o livro aqui. Ouça o podcast aqui